Folclore Chinês - Dança do Leão
De acordo com o folclore chinês, no início da Dinastia Han, o Imperador foi visitado por um emissário do povo Da Yu, o qual trouxe ao soberano um presente deveras inusitado: um leão, uma fera forte e imponente, inexistente no Império. Junto com tal presente, o emissário ofereceu ao imperador um desafio: domar o leão e dobrar sua vontade, coagindo-o a fazer tudo que fosse ordenado a fazer.
O imperador riu do absurdo que era tal desafio, aceitando-o de imediato, pois para ele era óbvio que haveria alguém inteiramente capaz de domar a fera. Após invocar pessoas que se diziam capazes de conseguir tal feito, o imperador ordenou que o primeiro domador viesse à sua frente. O homem teve a ideia de não deixar alimentarem o leão até que o mesmo estivesse enfraquecido devido à fome, imaginando que o leão obedeceria mansamente enquanto estivesse nessa condição. Infelizmente o homem estava completamente errado, tanto que o leão faminto devorou o homem.
Então veio o segundo homem, com uma ideia totalmente oposta à do primeiro azarado, pensando em empanturrar o leão de comida para fazer com que este ficasse feliz e obediente. Assim, o homem deu início ao seu plano, alimentando o leão sem parar, até que o mesmo não pudesse engolir mais comida. Mal sabia o pobre coitado que também estava errado, e isso foi provado na hora que ele tentou domar o leão, tendo sido devorado a despeito do monte de comida que ele deu ao leão.
Tentando, então, ter sucesso onde os outros dois falharam, um terceiro domador apresentou-se. Ele tentou forçar o leão a submeter-se usando força bruta, fustigando a fera com um chicote. Percebendo que o leão não cedia às tentativas do domador, várias pessoas vieram ajudá-lo, mas a força desproporcional usada contra o leão acabou matando-o. Quando isso aconteceu, um dos mensageiros reais foi imediatamente ao palácio para contar ao Imperador do ocorrido. Enfurecido, o Imperador ordenou que o domador fosse trazido à sua presença, e acabou sentenciando-o à pena de morte. Angustiado, o domador teve uma ideia, e no último momento ele implorou por sua vida; o Imperador, pensando não ter mais nada a perder, concedeu ao domador três dias para encontrar uma solução.
Descobrindo a situação, um espião do emissário do povo Da Yu trouxe a notícia ao mesmo, o qual sorriu triunfante, imaginando que tinha uma vantagem sobre o Imperador, e que só precisava esperar pacientemente, tendo certeza de que já havia vencido o desafio.
Ao domador condenado restava pensar e agir com rapidez, e então ele trouxe a carcaça do leão para onde os outros não pudessem ver, e removeu a pele. Para fazer parecer com que o leão estivava obedecendo todos os comandos dele, o domador pediu a ajuda de duas pessoas, as quais vestiram a pele do leão. Para o assombro de todos, a farsa foi aprovada pelo Imperador, e no próximo dia, com uma arena enorme e lotada, além da distância grande entre os assentos e o centro da mesma dificultando a visão, o leão que estava presumidamente morto foi visto pelo emissário, que não podia acreditar nos próprios olhos ao ver o leão obedecendo ao domador sem resistência alguma, fazendo-o acreditar que o espião tinha passado ao emissário uma informação enganada.
Deste evento em diante, o povo Da Yu jurou confiar nas palavras do Imperador sem nenhum tipo de questionamento, já que o mesmo venceu o desafio dado pelo emissário deles.